Eduardo Borem

View Original

Do jardim de entrada à saída da CasaCor Brasília, tudo é impecavelmente arquitetado no evento de decoração

Bilhete comprado, saiba que visitar a 26ª edição da CasaCor pode significar se frustrar um pouco com a própria casa — mesmo com o tema Foco no essencial, a maior parte do que está exposto é “dos sonhos”. Significa também surpreender-se com a criatividade conceitual de alguns ambientes. Por isso, este ano, para prestigiar talentos da arquitetura e decoração, o Correio Braziliense premia, pela primeira vez, os 11 melhores projetos. Os vencedores serão revelados em um evento para convidados em 31 de outubro.

Quatro categorias serão decididas por voto popular, entre 5 e 25 de outubro, no site do jornal (www.CorreioBraziliense.com.br): sonho de sala, sonho de quarto, sonho de banheiro e sonho de cozinha. As outras, melhor projeto, prêmio especial, originalidade, uso de obra de arte, melhor uso de luz, melhor ambiente comercial e melhor paisagismo serão avaliadas por uma comissão julgadora formada por profissionais ligados às áreas de arquitetura, design de interiores, design e paisagismo, jornalismo e marketing. Todos os ambientes da mostra estão aptos a concorrer.

O primeiro ambiente com o qual os visitantes se deparam ao chegar à mostra é intitulado Do branco ao caos, do Studio AZ Arquitetura e Soluções. A parede, os móveis e até as plantas são brancas. Mas tudo sofreu intervenção de cores — inclusive neon — pela técnica da pintura de ação ou gestualismo. O grande nome do método é Jackson Pollock. A luz varia: de branca a negra.

Numa mistura de conceito e realidade, o autor do projeto, Leo Romano, inspirou-se em uma nota de R$ 100 para criar o espaço. Em tons de azul e cinza, a sala de estar é sóbria, mas a de jantar mostra ousadia e personalidade. Além do carpete azul, pouco usual, três bustos com cédulas enroladas no pescoço.

Já o projeto da arquiteta Walléria Teixeira, uma veterana em CasaCor, com participação em 20 edições, é mais usual, tanto que recria um apartamento que existe. Apesar da laraga experiência, ela garante que a CasaCor é sempre desafiadora. “Os temas são sempre diferentes, o tempo é curto e nós queremos trazer coisas diferentes sempre”, afirma. Como o tema da mostra é Foco no essencial, a arquiteta optou por destacar um mobiliário bonito e moderno e as obras de arte, em vez de gastar muito com a estrutura do ambiente, com revestimentos caros. “Na crise, é mais interessante aquilo que se pode retirar dali e colocar em outro lugar. Se os donos da casa se mudam, levam tudo”, explica.

Na mostra, valoriza-se muito o Brasil. Walléria fez questão de usar mobília brasileira e materiais naturais e rústicos, como a palha. Ela projetou o Gran Living, espaço com sala de estar e de jantar, varanda e banheiro. A arquiteta diz preferir uma linha de projeto que perdure, sem modismos que passam logo. “Gosto de tudo que remete ao natural”, afirma.


Referência

Já o arquiteto Clay Rodrigues é estreante na CasaCor. Ele é o responsável pelo projeto da bilheteria da mostra, uma das primeiras coisas que se vê. O escritório dele, o Debaixo do Bloco Arquitetura, é tipicamente brasiliense e tem três palavras como mantra: contemporâneo, atemporal e modernista. Segundo ele, Brasília é a única cidade com todos os elementos do modernismo e, por ser daqui, isso está impregnado nele. “Acho importante fazer uma arquitetura coerente com a cidade”, afirma.

A primeira coisa que quis fazer quando chegou ao ambiente que projetaria foi tirar todo o forro. Descobriu vigas curvadas e decidiu que elas deveriam ficar aparentes. “Eu exaltei os defeitos porque são coisas que dão personalidade”, afirma. Para criar um high-low, além do concreto aparente e de outros elementos brutos, usou mármore de Carrara e pedra natural de origem italiana, no balcão da bilheteria. Clay valoriza mais a ostentação intelectual. “Acho interessante colocar um bom mobiliário e obras de artistas legais”, resume.

A bilheteria prestigia artistas da cidade, como Christus Nobrega, paraibano e professor no Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília. Na capital há 15 anos, são 12 obras de diferentes períodos de trabalho expostas no ambiente. Este ano, foi motivo de ainda mais orgulho, já que recebeu indicação para o Prêmio Investidor Profissional de Arte (Pipa) — criado em 2010 e um dos mais relevantes prêmios brasileiros de artes visuais.

Em se tratando de mobiliário, Clay também quis valorizar o talento da capital. Na bilheteria, também há uma série de bancos do artista Eduardo Borem. Os bancos dão liberdade aos visitantes: não é raro pessoas os moverem até uma pilastra para conectar o celular a uma tomada e ficar sentada. A liberdade que os bancos promovem não param por aí, pois são modulares e podem até virar uma estante. O brasiliense Borem, além de designer de móveis, é músico — era um dos integrantes da banda Móveis Coloniais de Acaju —, mas agora mora em São Paulo.


Programe-se

CasaCor
Data: até 8 de novembro
Local: Comercial da QI 9 do Lago Sul, Lote D
Horário: de terça a sexta, das 15h às 22h
Sábados, domingos e feriados, das 12h às 22h
Informações: 3248-4638

Correio premiará os 11 melhores dos mais de 40 stands no CasaCor Brasília